sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Posição 2


Qual o melhor plano para as Brancas?

Nesta posição, as Brancas têm o lance. Aparentemente estão melhores em material, com uma Torre e dois peões por um Bispo e um Cavalo. Além disso, as Pretas já têm um peão isolado. A diferença entre os dois lados é um tanto peculiar.

Como as Brancas poderiam aproveitar essa vantagem?

4 comentários:

Anônimo disse...

O peão isolado não é um bom alvo de ataque, porque não pode ser
atacado frontalmente. Também não se aplica, nesta posição, a outra
desvantagem do peão isolado, que é a casa à sua frente, e5. As
brancas não podem ocupar essa casa.

Com esse balanço material, o x da questão é o que é que vai
prevalecer: a força dos dois peões brancos extras ou o jogo de peças
das pretas, que têm bispo e cavalo contra torre. Quem souber usar
seus trunfos com mais perícia leva a melhor.

Dito isto, parece-me que as brancas devem usar sua massa de peões com
estes objetivos:

a) Restringir a mobilidade do cavalo e do bispo, ou, ao menos, de um
deles, mantendo, ao mesmo tempo, a mobilidade dos peões - não
permitir que fiquem bloqueados, especialmente se a posição de
bloqueio permitir às peças pretas ocupar boas posições;
b) Assegurar maioria de peões no centro para obter um peão passado
ali;
c) Abrir uma coluna para suas peças pesadas após a devida preparação -
ou seja, quando as peças estiverem prontas para tirar proveito disso.

Então, no momento visualizo o seguinte plano: f4 (para ganhar espaço
na ala do rei e evitar o imediato ...e5, uma vez que esse peão está
atrapalhando o bispo), a ativação das torres e da dama, e depois g4 e
f5, abrindo a coluna "f" ou "g" e tentando criar um peão passado no
centro. O peão "e" fica por enquanto onde está para defender a
importante casa d4.

Na ala da dama é interessante avançar b2-b3 (apenas uma casa), o que
viabiliza a manobra Ra1-a2 e Ra2-f2 ou g2. É pior b2-b4 (em vez de b2-
b3) porque após ...a7-a6 a ameaça ...b7-b5 é forte. E por que é
forte? Porque obriga as brancas a jogar c4-c5 (imobilizando seus
peões e cedendo às peças menores pretas a excelente casa d5) ou c4xb5
(que também cede essa casa mas pelo menos abre a coluna "c", mas em
contrapartida deixa as brancas, após ...a6xb5, com um peão atrasado
na coluna "a" aberta).

Anônimo disse...

Em primeiro lugar, é interessante que as brancas tenham ficado com todos os
seus oito peões e as pretas já perderam dois dos seus. Por isso, acho que o
plano principal passa por avançar a massa de peões rumo a algum ponto de
ataque.

Todas as colacações que o Flávio fez foram, como é de praxe, muito
pertinentes e corretas. Acho que o plano com f4 é muito pertinente; mas não
sei a manobra mais forte é avançar os peões ´g´ e ´h´, posteriormente, pra
tentar ganhar pela ala do Rei.

Manter o peão isolado das pretas em ´e6´ não é um grande objetivo, mesmo que
ele libere o Bispo de c8 ao sair, porque o Bispo está "preso" indiretamente
pela defesa do peão em b7. Por exemplo, eu penso que Qb3 pressiona o avance
de peões brancos no centro e pressiona a ala da dama ao mesmo tempo.

A preparação das brancas, a qual o Flávio mencionou, creio que passa pelos
lances f4, Qb3 e Rad1. Aí sim, pensar no melhor avance de peão, para criar
um peão passado para as brancas.

Agora, tem um ponto que eu não concordo: em manter o peão branco em ´e3´.
Acho que a massa de peões deve avançar de forma uniforme, com ´c4-d4-e4-f4´
e tudo que for mais possível. Com Rad1, as brancas não precisam temer o
ataque sobre d4, porque tem meios de defendê-lo ou (melhor) avançá-lo.

Resumindo a farra do boi: como em exemplos de partidas magistrais que temos
visto sobre avalanche da massa de peões, as brancas devem tentar ganhar
avançando os peões centrais - e não atacando pela ala do Rei; assim, podem
criar um peão passado, abrir colunas no centro e fazer sucumbir às forças
pretas.

Anônimo disse...

pôxa, eu devo ser um tremendo capivara mesmo... como sigo o axioma:
"capivara não tem estilo; quando diz que é tático é porque não entende
nada de defesa, quando diz que é estratégico é porque não entende nada
de ataque", nem me pergunto porque não cogitaram 1.d5!?
Bom, o Flávio, acredito que seja um jogador bastante posicional
apresentou suas opiniões; enquanto que o Tiago, provavelmente um
jogador bem agressivo pede uma ataque imediato.
Na minha concepção alguns dogmas não são fixos, e acredito que a
principal debilidade preta não é o Bispo de c8, mas o peão isolado,
mas então porque jogar 1.d5 dando a chance das pretas se livrarem do
peão isolado? Porque caso as pretas capturem em d5 será ruim, pois
permitirá a criação de um peão passado mais rápido ainda (!!) pois
haverá uma "transferência de debilidade" de e6 para c7!, sendo muito
mais proveitosa para as brancas que poderão usar suas peças pesadas na
coluna c (como o Flávio disse o peão e6 não é alvo fácil de ataque,
mas c7 passaria a ser), e depois de um Tc1 o "menos-ruim" lance preto
seria c6, e agora surge o peão passado branco, pois o Cavalo deverá
está em d8-e7-e5, sendo que em d8-e7 permite o forte d6! branco,
enquanto que em e5 permite f4! (agora sim!)...
Mas claro que as pretas não precisam cair nesta tentação de se livrar
de imediato do peão isolado, e poderiam seguir com 1... Ce5, ao meu
ver o melhor, mas agora permite tranquilamente Dd4 e mais tarde f4
forçando a troca das Damas... pois é, eu acredito que a posição seja
para trabalhar em cima de um final melhor e não com ganhos imediatos
por uma provável vantagem material, que na minha percepção quase não
existe ou é nula! Tudo bem, a força dinâmica das peças tem correlação
direta com a sua posição no tabuleiro, mas já empatei diversas
partidas com "qualidade a menos", talvez por estar melhor
psicologicamente para enfrentar tais posições do que meus adversários
que embarcaram na onda do "já ganhei". Pura e matematicamente falando
qual é a vantagem branca? Dois peões? Não, pois o desequilíbrio
estaria representado da seguinte forma: Brancas 2 Torres (= 10) + 2
Peões (=2) total: 12; Pretas 1 Torre (=5) + 1 Cavalo (=3) + 1 Bispo
(=3) total: 11. Ou seja, para mim a vantagem branca é muito pequena
para dizer que já tem um ganho imediato, mas o suficiente para um
provável ganho no final, pois isso a troca das Damas.
Eu fiquei tão curioso com a posição e com o lance 1.d5 que resolvi
"perguntar" a alguns motores a opinião deles:
Hiarcs11: 1.f4
Zappa Mexico: 1.Tc1
Deep Junior 10: 1.b4
Spike Turin: 1.d5
como podem ver, os engines mais fortes recomendam outros lances
diferente do meu, apenas o Spike pareceu concordar comigo (e ele
também dá posição ligeiramente empatada!). Meu único consolo é que o
Spike terminou em terceiro lugar no meu último torneio de engines,
empatado com Rybka (que foi derrotada pelo Spike!), o vencedor foi
Hiarcs11, que venceu Spike, mas perdeu para Rybka!...

Anônimo disse...

Camarada Joao, gostei imensamente de seus comentarios.
Quando dei uma olhada no tabuleiro a primeira ideia que
tive foi justamente esta 1.d5, no entanto, como bom paca-tatu,
pois, capivara esta num nivel acima do meu, pensei neste lance
tendo a ideia de desalojar o Cc6, atacando o peao e6 e abrir a
coluna d. Claro que nao tive segurança do movimento por abrir
o peao b2 ao ataque da Dama negra.
Em termos de ENGINES, todas que testei executou o movimento
d5, no nivel Produnfidade Fixa em 20. Dentre elas, o Fritz 11, Rybka
2.4 (um overlock que bateu o Rybka 2.3), Toga II 1.2.1a, o ProDeo
1.5 e o Crafty 20.14 w32.